quinta-feira, 14 de maio de 2015

Quando deixei de ser eu para virar nós.

Qualquer um que lê o início desse texto acredita que estou falando de um casal, um simples casal que se diz apaixonado, mas esse pequeno desabafo não é sobre o amor que um dia acaba. Aqui estão os mais profundos sentimentos de quando deixei de ser eu para ser nós, isso mesmo, nós dois, porque você já existia antes mesmo de pensar em existir. Você, pequeno eu, já fazia parte dos meus pensamentos diários há algum tempo, estava sempre se fazendo presente. Num dia qualquer eu acordei e você estava lá pra me deixar inteiramente confusa. Eu precisava de você, como a flor, que precisa de água pra se mostrar inteira e então aos poucos você foi se tornando ideia concreta e aí finalmente eu me dei conta de que você precisa sair dos meus sonhos.
Eu que sempre fui tão egoísta, aprendi finalmente a dividir, primeiro eu dividi com você os meus pensamentos, eu te contava tudo o que se passava na minha cabeça, meus fracos e fortes, minhas alegrias e minhas tristezas. Depois eu dividi com você o meu coração onde se encontravam meus demônios, meus medos e minhas vontades, e então pouco a pouco você me transformou, eu já não sabia o meu lugar, esse virou o seu também. Finalmente eu dividi com você a minha alma, isso era tudo que fazia com quem eu fosse eu mesma no meio de bilhões de pessoas, foi quando você se tornou real, nós éramos agora dois num mesmo corpo.
E eu sofri, sim, eu chorei, meus medos voltaram, não via uma luz no fim do túnel mesmo sabendo que essa era você. Como alguém que não pode nem cuidar de si própria iria dar conta de suportar tudo isso? Eu me perguntava todos os dias e em todos eles você me respondia que tudo ia ficar bem. Às vezes eu acordava chorando, às vezes eu passava o dia inteiro chorando, mas por dentro, porque as pessoas acreditam que esse é um momento maravilhoso apenas e que você tem que ser forte, qualquer deslizada e pronto! Culpada.
Você foi crescendo e então chegamos ao ponto em que o titulo desse texto faz um pouco mais de sentido. As pessoas ao me verem já não perguntavam mais se eu estava bem, tudo virou plural e que plural mais gostoso de responder. Nós estávamos bem, apesar de todos os contratempos, tudo nos fazia um pouco maiores. Ainda assim, a consciência não estava plena de que eu era você e você também era eu, passei vinte anos da vida sendo uma só, como aprender em nove meses a ser dois?
Aprendi! Às vezes me perguntam o que mudou em mim... Além de tudo? Vamos ver, tudo!! Não da pra explicar em palavras, só aqueles que são capazes de sentir é que entendem o que estou falando. E não tem essa de “só quem é mãe entende”, entende quem tem coração, quem é capaz de perceber o milagre da vida, a delícia de se sentir vivo apesar dos pesares e continuar em pé. Nós estamos aqui, eu e meu pequeno grande amor estamos juntos e estaremos para o resto de nossas vidas porque não é amor só agora, se me permitem citar Clarice:

“Não me lembro mais qual foi nosso começo. Sei que não começamos pelo começo. Já era amor antes de ser.”
Ps: E a saudade batendo forte desse meu barrigão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário