Era madrugada, ela se deitou para tentar dormir, a única coisa que conseguiu foi virar de um lado para o outro e encher sua cabeça com pensamentos que já não entendia. Sentia uma agonia subindo pela garganta, uma amargura subiu a cabeça e então as lagrimas vieram a tona, não entendia o porque daquilo estar acontecendo, não existiam motivos especiais, só tinha uma certeza a de que as coisas já não eram as mesmas. As pessoas não eram as mesmas? Ou ela é quem não era? Dentre todos os pensamentos confusos ela percebeu aquilo que poucos de sua idade poderiam perceber... era hora de mudar, o que exatamente ela não entendia mas sabia que mudança era o nome da próxima fase. É engraçada a percepção que uma menina-mulher tem, ela sabe exatamente a hora de mudar as coisas mas nem sempre é tão fácil, deixar tantas coisas para trás, tantos costumes, coisas que antes chamava de rotina agora precisavam ser apagadas e ela necessitava de um (re)começo, seria essa a metamorfose? A parte em que ela deixa de ser uma lagarta para virar uma borboleta? Essa agonia era somente a solidão, era o fato dessa pequena mulher sentir que nada mais fazia sentido, que ela já não fazia mais parte daquele presente e que nada e nem ninguém a acompanhava. O desespero bateu... Entrou então no mais profundo de seu ser, aquele que só ela podia conhecer e mesmo assim não reconheceu nada, tudo parecia tão novo. Ficou alguns minutos dentro daquela escuridão pensando sobre como seria dali pra frente, ouviu algumas músicas que fizeram as lagrimas rolarem mais depressa e então como num flash voltou para sua realidade, não encontrou nenhuma solução para suas perguntas mas decidiu fazer o que mais parecia certo no momento. Aquela menina-quase-mulher entrou numa viagem só de ida e agora vive um dia de cada vez como numa escada degrau por degrau, ela tem seus deslizes, as vezes cai as vezes despenca mesmo mas sabe que isso durará pouco, afinal, uma hora toda lagarta vira borboleta e aprende a voar.
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